domingo, 21 de abril de 2013

 Lesões de Ponta de Dedo



O motivo de escrever este texto se deve a alguns e-mails que recebi perguntando a respeito de o que fazer em ferimentos nas pontas dos dedos.

O que é lesão de ponta de dedos?
Lesão na ponta de dedo é qualquer ferimento nas extremidades dos dedos e nisso inclui cortes simples, esmagamento e até as amputações.

O que fazer nas amputações de dedos?
Nas amputações dos dedos a primeira providência a ser tomada é colocar a parte amputada dentro de um saco com água limpa fechado e colocar dentro de um recipiente de isopor com água e gelo. Nessa situação o dedo estará bem condicionado e assim o paciente deverá ir ao hospital com o dedo.

O que fazer quando não dá para reimplantar o dedo?
Nas situações em que o coto amputado é muito pequeno e não tem indicação para fazer o reimplante podemos lançar mão de técnicas de reconstrução das pontas dos dedos que é o objetivo deste texto.

Quais as técnicas disponíveis?
Dependendo do ferimento podemos adotar diversas técnicas:
-Sutura primária com aproximação das bordas.
-Fechamento da ferida por segunda intenção.
-Crossfinger(boa opção para lesões múltiplas dos dedos).
-Retalho de avanço tipo V-Y(retalho Atasoy).
-Retalhos em ilha homodigital de fluxo anterógrado e retrógrado.
-Retalho Littler(ilha heterodigital de fluxo anterogrado).
-Retalho heterodigital em ilha de fluxo retrógrado.
Em geral a grande maioria das lesões dos dedos são cortes simples ou mais complexos que podem ser feitas suturas simples aproximando as bordas.
Quando há perda de substância ou exposição óssea não é possível aproximar as bordas ou deixar a ferida cicatrizar por segunda intenção, neste caso está indicado a utilização dos diversos retalhos.

Retalho V-Y ou atasoy
O retalho atasoy foi descrito na década de 40. Ele é um retalho triangular de base invertida e confeccionado na polpa digital, portanto lesões obliquas na qual há perda da polpa digital fica inviável o retalho.



Detalhe que o retalho avança pouco de 0,5 até 1 cm e é muito importante não realizar o fechamento hermético da ferida, pois pode causar congestão do retalho e levar a perda do mesmo.


Retalho em ilha homodigital de fluxo anterógrado
Esse retalho é confeccionado a partir da região volar e lateral do dedo e é baseado na nutrição de uma das artérias digitais. É um retalho seguro e bem nutrido e com a vantagem de manter a sensibilidade da ponta do dedo. As desvantagens são o pouco avanço e o dedo pode ter uma atitude em flexão.



Retalho em ilha homodigital de fluxo retrógrado
Esse retalho é planejado na porção proximal do dedo(próximo da palma da mão) e é uma retalho que avança muito e é possível a reconstrução da polpa digital, mas a região da interfalangeana distal tem que necessariamente estar preservada pois é o local de comunicação das artérias digitais.



Retalho Littler
O retalho littler ou ilha heterodigital de fluxo anterógrado, é um retalho idealizado inicialmente para a cobertura cutânea da polpa digital do polegar, mas pode ser empregado para reconstrução dos outros dedos. Conforme o nome do retalho a origem do retalho é num dedo(3° ou 4° dedo) que não está acometido pela lesão inicial. Assim essa é a primeira desvantagem desta técnica é a utilização de um dedo saudável para corrigir outro dedo.
Entretanto o retalho littler é um retalho seguro e confiável e tem sensibilidade preservada.





Retalho em ilha heterodigital de fluxo retrogrado
Esse retalho é o mais complexo dos retalhos, pois é um retalho que lembra o retalho littler, entretanto deve-se fazer a ligadura da artéria digital comum e confiar no fluxo retrógrado da artéria digital em que o retalho foi pediculado.
Esse retalho é o que você consegue maior alcance para reconstruções distais dos dedos.




Todas essas técnicas visam um coto adequado para a função de pinça, e é importante o cirurgião de mão ter o cuidado de indicar o retalho adequado para as diferentes lesões. Um coto que não tem uma boa cobertura cutânea é um coto doloroso e que pode apresentar ulceras e dor por neuromas.

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