domingo, 22 de abril de 2018

Tenho uma sequela de amputação de dedo, o que fazer?

As amputações de dedos acontecem em diversas situações, desde acidente de trabalho(serra circular, moedor de carne, manuseio de facas) até acidentes durante a prática esportiva(o anel arrancar o dedo ao enroscar na trave do gol).

A discussão dessa postagem é o que fazer quando teve a amputação e não foi possível o reimplante.

Muitas pessoas se adaptam as amputações, mas na prática a função da mão fica prejudicada e perde função. Nessa situação devemos realizar uma avaliação funcional com a terapeuta ocupacional e ponderar se uma intervenção cirúrgica irá beneficiar o paciente.

As opções de reconstrução depende do tipo de amputação, por exemplo para reconstrução do polegar é bem estabelecido o transplante do 2˚ dedo do pé para a mão.

Em outras situações pode utilizar uma parte do hálux para reconstrução da ponta dos dedos.

Todas as intervenções cirúrgicas no pé não afeta a marcha do paciente e com o benefício de ter um aumento da função da mão.

Pessoal fica a dica, a amputação dos dedos da mão não é o fim. Procure um cirurgião de mão que possa avaliar o seu caso.

sábado, 22 de junho de 2013

Dedo em Gatilho



Dedo em Gatilho

     O dedo em gatilho ou tenossinovite estenosante é uma condição em que a pessoa apresenta  o dedo “travado“,  em outras palavras, ao fletir o dedo o mesmo fica travado em flexão. O paciente pode ficar com o dedo travado e destravar com ou sem ajuda da outra mão. Em casos mais graves o dedo pode ficar permanentemente esticado ou fletido sem mobilidade.
     É mais comum em mulheres após os 40 anos.


Por que acontece isso?


     Primeiro de tudo devemos entender com funciona o mecanismo de movimentação do dedo da mão.
Basicamente temos elementos que fazem parte do mecanismo flexor e extensor dos dedos. E o problema do gatilho acontece na transição da palma da mão com dos dedos na região palmar do mecanismo flexor na polia A1.
     Na foto abaixo podemos ver que os tendões que fazem o dedo fletir eles estão passando por dentro de túneis que damos o nome de polias.





     Então o problema é basicamente quando o espaço da polia A1 está diminuído e com isso os tendões flexores ficam apertados e dificulta a sua movimentação.


O que fazer?


     Muitos casos já chegam no consultório basicamente em dois estágios, quando começa a engatilhar e o paciente consegue esticar fazendo uma força e sentindo o estalido ou precisa usar a outra mão para esticar o dedo.
     Nessa situação o cirurgião de mão pode optar pelo tratamento cirúrgico inicial. Em caso leves em que o único sintoma é dor na topografia(local) da polia A1 o cirurgião pode optar pela infiltração de corticoide e uso de órteses.
     Em casos mais severos e tardios o dedo pode se apresentar fletido e fixo na posição ou travado esticado e nessa situação é mandatório o tratamento cirúrgico e nessa situaçãoo o paciente pode evoluir com limitação do movimento.

Qual o tratamento?


     Em casos leves apenas com sintomas de dor podemos optar por apenas realizar a infiltração de corticoide e xilocaína na polia A1.
     Já em casos em que já está presente o engatilhamento do dedo é melhor realizar o procedimento cirúrgico com a liberaçãoo da polia A1.


Tempo de recuperação?


     Com a infiltração apenas o repouso do dedo por um dia é o suficiente e no dia seguinte retorna as atividades habituais.
     Já nos casos submetidos as tratamento cirúrgico devemos orientar o paciente manter o os cuidados locais da ferida de 7 a 10 dias até a retirada dos pontos e com 15 dias de pós cirúrgico já pode voltar as atividades habituais.

Pode recidivar?


     Quando é realizado a cirurgia e liberado por completo a polia A1 não há casos de recidiva. Já nos casos que o paciente é submetido a infiltração os sintomas podem voltar e nesse caso é mandatório o tratamento cirúrgico.




André Fernandes Pires - Doctoralia.com.br

domingo, 21 de abril de 2013

 Lesões de Ponta de Dedo



O motivo de escrever este texto se deve a alguns e-mails que recebi perguntando a respeito de o que fazer em ferimentos nas pontas dos dedos.

O que é lesão de ponta de dedos?
Lesão na ponta de dedo é qualquer ferimento nas extremidades dos dedos e nisso inclui cortes simples, esmagamento e até as amputações.

O que fazer nas amputações de dedos?
Nas amputações dos dedos a primeira providência a ser tomada é colocar a parte amputada dentro de um saco com água limpa fechado e colocar dentro de um recipiente de isopor com água e gelo. Nessa situação o dedo estará bem condicionado e assim o paciente deverá ir ao hospital com o dedo.

O que fazer quando não dá para reimplantar o dedo?
Nas situações em que o coto amputado é muito pequeno e não tem indicação para fazer o reimplante podemos lançar mão de técnicas de reconstrução das pontas dos dedos que é o objetivo deste texto.

Quais as técnicas disponíveis?
Dependendo do ferimento podemos adotar diversas técnicas:
-Sutura primária com aproximação das bordas.
-Fechamento da ferida por segunda intenção.
-Crossfinger(boa opção para lesões múltiplas dos dedos).
-Retalho de avanço tipo V-Y(retalho Atasoy).
-Retalhos em ilha homodigital de fluxo anterógrado e retrógrado.
-Retalho Littler(ilha heterodigital de fluxo anterogrado).
-Retalho heterodigital em ilha de fluxo retrógrado.
Em geral a grande maioria das lesões dos dedos são cortes simples ou mais complexos que podem ser feitas suturas simples aproximando as bordas.
Quando há perda de substância ou exposição óssea não é possível aproximar as bordas ou deixar a ferida cicatrizar por segunda intenção, neste caso está indicado a utilização dos diversos retalhos.

Retalho V-Y ou atasoy
O retalho atasoy foi descrito na década de 40. Ele é um retalho triangular de base invertida e confeccionado na polpa digital, portanto lesões obliquas na qual há perda da polpa digital fica inviável o retalho.



Detalhe que o retalho avança pouco de 0,5 até 1 cm e é muito importante não realizar o fechamento hermético da ferida, pois pode causar congestão do retalho e levar a perda do mesmo.


Retalho em ilha homodigital de fluxo anterógrado
Esse retalho é confeccionado a partir da região volar e lateral do dedo e é baseado na nutrição de uma das artérias digitais. É um retalho seguro e bem nutrido e com a vantagem de manter a sensibilidade da ponta do dedo. As desvantagens são o pouco avanço e o dedo pode ter uma atitude em flexão.



Retalho em ilha homodigital de fluxo retrógrado
Esse retalho é planejado na porção proximal do dedo(próximo da palma da mão) e é uma retalho que avança muito e é possível a reconstrução da polpa digital, mas a região da interfalangeana distal tem que necessariamente estar preservada pois é o local de comunicação das artérias digitais.



Retalho Littler
O retalho littler ou ilha heterodigital de fluxo anterógrado, é um retalho idealizado inicialmente para a cobertura cutânea da polpa digital do polegar, mas pode ser empregado para reconstrução dos outros dedos. Conforme o nome do retalho a origem do retalho é num dedo(3° ou 4° dedo) que não está acometido pela lesão inicial. Assim essa é a primeira desvantagem desta técnica é a utilização de um dedo saudável para corrigir outro dedo.
Entretanto o retalho littler é um retalho seguro e confiável e tem sensibilidade preservada.





Retalho em ilha heterodigital de fluxo retrogrado
Esse retalho é o mais complexo dos retalhos, pois é um retalho que lembra o retalho littler, entretanto deve-se fazer a ligadura da artéria digital comum e confiar no fluxo retrógrado da artéria digital em que o retalho foi pediculado.
Esse retalho é o que você consegue maior alcance para reconstruções distais dos dedos.




Todas essas técnicas visam um coto adequado para a função de pinça, e é importante o cirurgião de mão ter o cuidado de indicar o retalho adequado para as diferentes lesões. Um coto que não tem uma boa cobertura cutânea é um coto doloroso e que pode apresentar ulceras e dor por neuromas.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Cirurgia da Mão: Reconstrução em Pé Diabético

Cirurgia da Mão: Reconstrução em Pé Diabético: Pé Diabético, solução para grandes lesões. É importante as pessoas que forem ler este texto entender que não vou me d...

Reconstrução em Pé Diabético


Pé Diabético, solução para grandes lesões.

É importante as pessoas que forem ler este texto entender que não vou me dedicar a explicar a fisiopatologia do pé diabético, mas apontar o tratamento para uma determinada situação.


O que é o pé diabético?
O pé diabético é considerado quando o pé do paciente que tem diabetes(tipo I ou II) e que já apresenta algum grau de neuropatia sensitiva e não apresenta necessariamente lesões ósseas ou de partes moles.


Quais as medidas preventivas necessárias a todo paciente diabético?
Todo o paciente diabético deve necessariamente seguir a risca as orientações do endocrinologista ou clinico geral para o controle adequado da glicemia e fazer visitas de rotina com um ortopedista especialista em cirurgia do pé.
A visita periódica ao cirurgião do pé é importante para orientações de calçados adequados para evitar as feridas na planta do pé ou lesões nos dedos do pé. Além disso prevenir deformidades ósseas decorrente a artropatia degenerativa (charcot). E quando há necessidade abordagem ortopédica para corrigir deformidades.
Em resumo a visita ao endocrinologista e ao ortopedista é de vital importância a uma boa evolução.


Qual o papel do cirurgião de mão neste contexto?
Em casos extremos de lesões da planta do pé com exposição óssea do pé há a necessidade de lançar mão de retalhos locais ou microcirúrgicos para a reconstrução da planta do pé.
O papel do cirurgião de mão é auxiliar e disponibilizar recursos de reconstrução de cobertura de pele ao cirurgião de pé, e a equipe sempre tem que conciliar a reconstrução melhor para uma função adequada.


Quais são os objetivos da equipe multidisciplinar?
A equipe deve sempre zelar pelo bom alinhamento do pé e preservação máxima da função do pé, portanto as reconstruções de pele devem estar de acordo com a lesão e a necessidade de cada paciente.


Como são as reconstruções possíveis?
A idéia é sempre fazer retalhos locais(pele da perna que é nutrida pelo feixe neurovascular do nervo sural) sempre que possível, pois os pacientes que apresentam diabetes já tem algum grau de lesão vascular nos membros inferiores. Mas se a lesão acomete uma extensão muito grande do pé(mais de 50% com exposição do calcâneo) ai deve-se priorizar retalhos microcirúrgicos(pode usar como doadores a pele da coxa ou o musculo grande dorsal ou serrátil) esses são algumas opções.


Esquemas do retalhos citados.

Esquema do musculo grande dorsal com a sua vascularização dominante e secundárias.



 Esquema do retalho local(desenho acima) baseado na vascularização do nervo sural, retalho ideal para pequenas lesões do calcâneo. Retalho na foto abaixo para cobrir uma ferida no calcâneo.



Esquema para a dissecção do retalho microcirurgico da pele da coxa, retalho fasciocutâneo 
que é muito versátil e nos dias atuais o carro chefe para as grandes reconstruções.



Resumo das ideias básicas.
Vamos colocar em tópicos as ideias centrais:
-seguir a risca as orientações do endocrinologista.
-visitas periódicas ao cirurgião de pé para orientações, prevenção e tratamento.
-usar os calçados adequados, manter os pés sempre secos e limpos.
-sempre examinar os pés e ao menor sinal de feridas procurar o seu cirurgião de pé.
- antes de pensar em condutas radicais pode em determinados casos optar pela reconstrução da pele.

domingo, 7 de abril de 2013

Cirurgia da Mão: Fratura do Punho nos idosos

Cirurgia da Mão: Fratura do Punho nos idosos: Fratura do punho As fraturas que acometem o punho(radio e ulna distal) tem um comportamento bimodal, em outras palavras acom...

Cirurgia da Mão: Fratura do Punho nos idosos

Cirurgia da Mão: Fratura do Punho nos idosos: Fratura do punho As fraturas que acometem o punho(radio e ulna distal) tem um comportamento bimodal, em outras palavras acom...

Fratura do Punho nos idosos


Fratura do punho

As fraturas que acometem o punho(radio e ulna distal) tem um comportamento bimodal, em outras palavras acomete em dois períodos da vida. Nos adultos jovens decorrente a trauma de alta energia(acidente de carro) e em idosos devido a queda da própria altura. Nos idosos a fratura do punho é uma das mais frequentes.


Podemos evitar?

A fratura do punho nos idosos pode ser evitada. Em geral o médico geriatra orienta medidas comportamentais com evitar tapetes que fazem os idosos tropeçarem, luz de baixa intensidade a noite no caminho para o baneiro, evitar determinados chinelos, ajuste medicamentoso para o idoso não ficar sonolento.
Assim evitar as causas das quedas pode prevenir as fraturas do punho.


É grave essa fratura?

A gravidade dessa fratura é a limitação que pode resultar nesse tipo de fratura. A função do punho é resultante da relação entre os ossos do antebraço(rádio e ulna) e os ossos do carpo. Esses ossos tem um arranjo especifico que proporciona o movimento rotacional do antebraço(pronossupinação) e o movimento de flexão e extensão do punho.
É importante salientar que o movimento de rotação do antebraço é necessário em várias atividades habituais(higiene pessoal, abrir a porta, virar a chave, etc)



Qual o tratamento?

A fratura do punho pode ter vários tipos, assim o tratamento deve ser personalizado para cada tipo de fratura e para cada situação.
O importante é o paciente e os familiares entenderem que a relação entre os ossos do punho deve ser corrigido da melhor maneira possível e os métodos para alcançar isso são vários.


O gesso ainda é usado?

As fratura que não tem desvio ou desvio minino pode ser empregado o gesso no tratamento e em média são 6 semanas de imobilização e em geral o paciente fica com rigidez do punho e dificuldade para rodar o antebraço, e assim após o tempo de gesso é necessário o encaminhamento para a terapia ocupacional ou fisioterapia.


Quais opções de cirurgia?

Basicamente podemos ter algumas opções de tratamento cirúrgico:
-       fios de aço percutâneo
-       fixador externo
-       placa com parafusos bloqueados
Esses métodos depende do tipo de fratura para o emprego de cada método.
Abaixo temos um exemplo de fratura do rádio distal com o emprego de placa e parafuso bloqueado:





Pode ter sequela?

Independente da opção terapêutica(gesso ou cirurgia) podemos ter como sequela a limitação da flexão e extensão do punho em algum grau. Além disso pode ter infecção pós operatória ou distrofia.




sexta-feira, 5 de abril de 2013

AMPUTAÇÕES E FERIDAS COMPLEXAS, O QUE FAZER????



Lesões Complexas nos dias atuais!

Durante a segunda guerra mundial começou a surgir lesões extremamente complexas devido ao uso de armamento pesado e um maior uso de veículos automotores.
Neste período foi o momento em que se desenvolveu os pilares da microcirurgia e da cirurgia reparadora.
Nos dias atuais o cirurgião de mão se depara com vários tipos de lesões:
-       amputações dos membros (diversos níveis desde o braço até a extremidade dos dedos).
-       sequelas de cirurgias ortopédicas que evoluem com deiscência da ferida operatória e com exposição de osso, tendão ou implantes.
-       lesões nos membros devido quadros infecciosos ou vasculares com exposição óssea ou tendinea.
-       fistulas por osteomielite crônica resultante de traumas de alta energia.


Nas amputações o que fazer?

Em amputações do membro superior sempre que possível é melhor realizar o reimplante, pois o resultado funcional do reimplante é melhor que uma prótese. Entretanto as amputações de membros inferiores se beneficiam com o uso de próteses.
Já nos casos de amputações dos dedos é possível a transferência funcional do dedo do pé para a mão e isso não implica numa perda funcional do pé do paciente e ao contrário com essa cirurgia o paciente tem um ganho funcional da mão reparada.


O que fazer em feridas abertas?

Nas lesões com ferimentos abertos que apresentam exposição óssea, tendinea ou implantes ortopédicos é de fundamental importância o fechamento das feridas com o uso de retalhos(estruturas vascularizadas) de pele ou muscular para a correção da ferida.


ESQUEMAS DE POSSÍVEIS AREAS DOADORAS DE TECIDOS DOS MEMBROS INFERIORES E SUPERIORES.





As osteomielites tem tratamento?

As osteomielites podem ser resultado de diversas causas, por exemplo: sequela de fratura exposta, infecção hematogênica, sequela de cirurgia ortopédica, ou de lesões complexas.
Neste caso deve se atentar qual a dimensão da área óssea acometida, pois é possível a ressecção da área acometida e a substituição da parte óssea e das partes moles por tecidos vascularizados pela técnica microcirúrgica.
Além da cirurgia para remoção mecânica do tecido infectado é importante o uso de antibióticos específicos para o agente infeccioso.